Os “Bon Vivants” de Antônio Madrigal

Finalista do Prêmio Fígaro apresenta coleção masculina.

Na semana passada falamos sobre o Prêmio Fígaro e hoje vamos abordar o trabalho de um de seus finalistas: Antônio Madrigal. O cabeleireiro espanhol disputa o prêmio na categoria “Coleção Masculina”, um tema que raramente vemos retratado no universo da beleza, tão focado nas produções femininas.
Com o título “Bon Vivant”, que significa “boa vida”, referindo-se às pessoas que sabem aproveitar o que a existência tem de melhor à oferecer, Madrigal nos conduz pelo universo masculino.
A sofisticação dos “pure spirits” representados pelo conhaque, o universo da “haute horlogerie”, presente no relógio, a libertinagem com estilo, insinuada pela camiseta aberta e gravata desamarrada, e a maturidade sedutora, sugerida pela bengala, apresentam várias facetas dos prazeres do homem em diferentes estágios da vida: bebida, riqueza, sensualidade e status.
Este jogo inteligente, aliado à proposta mais comercial que avant-garde na produção, bem diferente de seus concorrentes da GS Peluqueros e Josep Navarro, faz com que Madrigal se torna um dos preferidos para a conquista do título na categoria.

O diretor artístico MIX-USE Paulo Ricardo apresentou looks masculinos em diversas coleções da marca, como Bossa City, de Bossa Brasil; Tornado, de Força dos Ventos; Pisicodelic, de Woodstock; e Star Fiction, de Dancing Days. Agora comenta os trabalhos apresentados por Madrigal: “Hoje o tema ‘bon vivant’ é representado em looks contemporâneos, mas com toda classe boêmia”.

 

 Aqui a sofisticação está em cabelos com ondas subliminares que parecem penteadas displicentemente para trás, mas na verdade são cuidadosamente pensadas para revelar o olhar penetrante e sedutor que fica ainda mais evidente por madeixas estreitas nas laterais, que alongam o rosto quadrado e conferem a postura de um gentleman bem vestido e convidativo pelo conhaque à mão: o prazer da bebida.

 A alta relojoaria ou “haute horlogerie”, representa no relógio a riqueza tão sonhada por bons vivants ou  “les bons vivants” que parecem ter a vida fácil e descompromissada, assim como seus cabelos desalinhados e cambaleantes num desenho irregular das “melenas” sobre um rosto de expressão solícita. Cabelos que começam curtos na nuca, mas desabrocham num turbilhão de movimentos em direção ao topo, assim como a turbulenta ascensão da riqueza.

 

 O homem se caracteriza pela sua sede de sensualidade e aqui sugere-se libertinagem, onde a camisa aberta e o nó desfeito da gravata dão um tom insinuante. Cabelos penteados na forma comportada entre os anos 40 e 50 exibem alguém chegando de uma festa “habillé” para se desmanchar nos braços da amada.

 

Ser maduro também é seduzir. Pelo olhar seguro, a postura moldada pelo tempo ea sabedoria adquirida e pela experiência no amor. Tudo isso se reflete em cabelos longos como a vida deste homem, mas livres e soltos como a sua disposição para amar. O corte em formato de losango na crescente conserva linhas naturais de suaves ondas grisalhas, desordenadamente penteadas pelo vento e o tempo que passou.
Artisticamente falando, Madrigal captou sentidos masculinos que há muito permanecem calados no íntimo dos homens, mas que por meio destas imagens, “falam”.

 Beijinhos!!!